Bater o cartão.

E então eu me dei conta de que tem muita gente boa por ai. Não boa de coração, porque isso eu já nem sei... mas boa de cabeça, de saber escrever, de bater papo bom.
Muita gente boa no anonimato ( e talvez por isso tão boa).
E muita gente desperdiçada... fazendo coisas ruins.
E tem muita gente insatisfeita com seus empregos, porque ganham mal, ou menos do que acham que valem seus serviços.
Serviços esses que poderiam ser medidos pela distancia de casa para o trabalho. Bem que poderia bater o cartão na hora em que se abre o chuveiro numa manhã gelada e começa seu dia, não rezando para ser uma pessoa melhor e fazer o bem, mas rezando para que ainda tenha um lugar no ônibus para poder sentar e continuar a dormir mais um pouco. A labuta já começa na hora em que se luta para manter os olhos abertos, para engolir o café e o pão para não desmaiar no meio da rua.
Desmaiar seria pior, mais vergonhoso. Todos iriam lembrar da moça que deu chilique e atrasou todo mundo.
E todos vão para seus empregos, poucos porque gostam, muitos porque precisam.
Reclamamos e tomamos mais café do que sentimos vontade, só pra poder se arrastar pelo carpete como uma lesma que conta os ácaros. Para ver se menos tempo sentada em frente ao PC, fará com que vc perda essa barriga que só está maior do que deveria, por culpa da cadeira que te deixa com uma péssima postura.
Você sorri, porque se não, talvez pensem que você está com problemas. E todas as suas contas atrasadas, suas dores de cabeça, seus casos de falta de amor, serão resumidos a insatisfação no trabalho. Isso será motivo para ser mandado embora.
E se isso acontecer, oH Céus, teremos que sorrir, mais, porque somos novatos, temos que sorrir e ser gentis e dizer obrigado por qualquer coisa idiota que façam por você.
Sorrir como uma prostituta deve sorrir depois de transar com um gordo suado e nojento. Sorrir como as meninas do Mcdonalds.